Meningite: a doença que mata em 24h se não for tratada, e como você pode proteger seus filhos (e a si mesmo) dela
Doença altamente fatal preocupa as autoridades sanitárias do país desde 2019
A meningite é a inflamação das membranas que revestem o cérebro e a medula espinhal causada por diversos agentes. Os mais comuns são os vírus, em geral menos graves e contra os quais não existe vacina. Já as bactérias costumam ser mais severas.
As bactérias mais comuns são:
- Meningococo (Neisseria meningitidis): os sintomas são febre alta, dor de cabeça intensa, rigidez do pescoço, vômitos e, algumas vezes, sensibilidade à luz (fotofobia) e confusão mental. Letalidade de 20%, chegando a 70% em caso de meningococcemia. Pode acarretar cegueira, surdez, problemas neurológicos e amputação de membros. Os tipos A, B, C, W e Y são os mais comuns no mundo.
- Pneumococo (Streptococcus pneumoniae): responsável por 15% das mortes de crianças < 5 anos e importante causa de mortes e complicações em idosos, acomete geralmente o sistema respiratório, mas pode afetar as meninges (meningite) e o sangue (bacteremia). Tais quadros, chamados de Doença Pneumocócica Invasiva (DPI), são semelhantes aos causados pelo meningococo. A letalidade é de 30%.
- Haemophillus Influenzae b (Hib): promove meningite, pneumonia, inflamação da garganta, artrite, infecção da membrana que recobre o coração (pericárdio), infecção dos ossos, entre outros. No final dos anos 1980, era a principal causa de meningite bacteriana entre menores de cinco anos, acometendo uma em cada 200 crianças. Das que adoeciam, 25% sofrem danos cerebrais permanentes. Graças à vacinação, é pouco comum no país atualmente, mas pode voltar se as coberturas vacinais caírem.
- Mycobacterium tuberculosis (bacilo de koch): A bactéria responsável pela tuberculose por vezes se instala em órgãos além do pulmão, como as meninges. Diferentemente das meningites meningocócica e pneumocócica, a meningite tuberculosa evolui de forma lenta, o que contribui para os pacientes serem diagnosticados em estágio avançado. O risco de meningite tuberculosa é maior em crianças pequenas e em pacientes imunodeprimidos. É considerada altamente letal.

A incidência do sorotipo C (Meningococo C) costumava ser predominante até 2019. No entanto, desde então, verifica-se predominância do sorotipo B (Meningococo B) em menores de 2 anos, desde 2013 em crianças de 2 a 4 anos e desde 2018 na faixa de 5 a 9 anos.
Assim, desde 2019 verificamos a liderança do sorotipo B em todas as faixas etárias.
Essa mudança ocorreu devido à oferta gratuita da vacina Meningocócica C a partir de 2010, quando o sorotipo C respondia por mais de 80% dos casos no país. Desde então, o número de casos caiu 70%, mas a prevalência do tipo B surgiu. Outro sorotipo que demanda atenção é o W, sendo agente de surtos recentes na América Latina, inclusive Chile e Argentina.
No Calendário Nacional de Vacinação, somente consta a vacina contra Meningo C e ACWY-135, que sempre foram os sorotipos mais prevalentes no país. No entanto, com essa virada desde 2019, preocupa o fato da vacina contra Meningococo B não constar no Calendário, sendo disponível somente em CRIES (Centros de Referências de Imunobiológicos Especiais) para grupos especiais e em clínicas particulares.
Assim, é fundamental verificar a situação vacinal contra Meningo C em crianças até 4 anos e contra Meningo ACWY-135 em adolescentes de 11 a 14 anos. Ademais, recomenda-se fortemente a vacinação contra Meningo B, se possível, devido a essa prevalência atual.
A doença meningocócica bacteriana sem vacinação possui letalidade altíssima em qualquer faixa etária, o que justifica a vacinação ampla e irrestrita da população, especialmente crianças, adolescentes, imunossuprimidos e grupos especiais.
As vacinas que protegem contra meningites são aquelas Vacinas combinadas à tríplice bacteriana, Vacinas pneumocócicas conjugadas, Vacinas meningocócica C conjugada, meningocócica conjugada ACWY e meningocócica B, Vacina Hib (Haemophilus influenzae b) e Vacina BCG.
Os casos de meningite meningocócica em adultos são pouco comuns, por isso a vacinação de indivíduos saudáveis deve ser considerada somente em situações de risco: surtos na comunidade e viagens para locais onde há risco de transmissão, por exemplo.
Algumas pessoas, no entanto, têm condições de saúde que as tornam altamente suscetíveis à doença. É o caso daquelas que vivem com HIV/Aids, com asplenia (ausência ou mal funcionamento do baço), das que fazem uso de medicamentos ou tratamentos imunossupressores, entre outros. Para esses grupos, as vacinas meningocócicas são recomendadas com esquemas que podem ser diferentes, dependendo do quadro.
As vacinas pneumocócicas são recomendadas para indivíduos de qualquer idade que tenham condições especiais de saúde e, como rotina, a partir de 60 anos de idade. A Hib é indicada apenas para adultos e adolescentes não vacinados que tenham algumas doenças crônicas ou que façam tratamentos que aumentem o risco de infecção. Já a BCG não é recomendada.