Elon Musk: por que usuários do Twitter temem a compra da rede social pelo homem mais rico do mundo?
Muitos acreditam que mudança vai fortalecer os discursos de ódio entre usuários
A compra do Twitter pelo bilionário Elon Musk tem causado preocupação entre os usuários da plataforma. Para muitos, a oferta de 44 bilhões de dólares (cerca de R$ 215 bilhões) feita na segunda-feira (25) pode resultar em mudanças que fortalecerão os discursos de ódio entre usuários. De acordo com Elon Musk, caso a compra seja aprovada, a rede social terá a liberdade de expressão como prioridade.
Opiniões polêmicas
O empresário – que também é CEO da empresa de carros elétricos Tesla – é considerado uma figura controversa nas redes sociais por frequentemente aproveitar do alcance dos seus perfis pessoais para se beneficiar nos negócios.
No passado, o homem mais rico do mundo chegou a ser afastado do cargo que ocupa na Tesla após ter emitido declarações no Twitter que, segundo o órgão regulamentador de compra e venda de ações de Wall Street (SEC), manipularam a opinião de operadores da bolsa, valorizando as ações da montadora.
Na época, Musk chegou a compartilhar opiniões polêmicas sobre as decisões administrativas da Tesla, sugerindo que se tratasse de uma empresa de capital fechado, o futuro dela seria melhor. A afirmação levou muitos operadores à compra de ações na esperança de que elas seriam valorizadas após a oferta do empresário. A intenção de compra, no entanto, não aconteceu.
Em outro momento, Musk foi visto fumando um cigarro de maconha enquanto participava da gravação do podcast do comediante Joe Rogan. Ao ser questionado sobre o assunto, o empresário publicou uma piada sugerindo que subiria os valores das ações da Tesla para US$ 420 Dólares, fazendo uma referência ao número conhecido como uma analogia ao ato de fumar a referida erva.
Am considering taking Tesla private at $420. Funding secured.
— Elon Musk (@elonmusk) August 7, 2018
Tais práticas resultaram em sanções jurídicas para a Tesla que teve que constituir um advogado para analisar previamente se as mensagens de Musk no Twitter afetariam ou não o futuro da companhia.
As opiniões sobre negócios são apenas algumas das inúmeras outras polêmicas envolvendo Elon Musk na plataforma. Para o empresário, diferentemente de outras redes sociais como o YouTube e o Instagram, a plataforma de textos curtos pode ser considerada como uma “grande praça pública” do mundo.
Um local livre de amarras em que as pessoas deveriam expressar as suas opiniões sobre acontecimentos em tempo real sem necessariamente serem julgadas por isto. Seguindo esta interpretação, em tese, o Twitter não deveria tomar decisões de banimento de usuários como o antigo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, garantindo ao político sua liberdade de expressão.
Para muitos usuários, o posicionamento do empresário fortalece grupos de ódio que aproveitam da rede social para a realização de ataques organizados contra indivíduos e causas sociais. O feito, por sua vez, também foi exaltado por outra camada de usuários, incluindo políticos e apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (que também já teve publicações censuradas na rede social).
Por que comprar o Twitter?
Mesmo com o discurso de liberdade de expressão, os planos de Elon Musk vão além para o Twitter. Nos últimos anos, a rede social viu o número de usuários encolher em relação ao crescimento de concorrentes como o Instagram e o TikTok, sendo considerada uma plataforma com pouca rentabilidade e sem muitos atrativos para anunciantes.
Com a chegada de um nome tão poderoso quanto o de Musk, a companhia poderá trazer maior credibilidade para investidores provando que ainda tem forças para ser competitiva no mercado de mídia. Mesmo sem a aprovação oficial da compra, os resultados já estão surgindo com alta de aproximadamente 6% no valor das ações da plataforma na última semana.
Além disso, o controle da empresa por Elon Musk também é uma demonstração de poder. O bilionário até então era um dos únicos astros da tecnologia que não tinha uma rede social para chamar de sua, tendo em vista que Mark Zuckerberg construiu a sua fortuna com o Facebook e que Jeff Bezos segue fortalecendo o seu império com a plataforma de lives Twitch.
Twitter tranquilizou anunciantes e usuários
Apesar das controvérsias envolvendo a sua personalidade, o fato é que Elon Musk permanece um homem de negócios e que não deixará que as suas extravagâncias atrapalhem o futuro da empresa adquirida.
O empresário já destacou que considera alguns limites como inegociáveis na liberdade da plataforma e que não deixará discursos de ódio contra minorias e apologias a movimentos como o nazismo impunes.
Além disso, ele também destacou que pretende tornar o algoritmo da rede social público, tornando mais claro aos usuários quais são os critérios utilizados na verificação de perfis falsos. Hoje, a rede é uma das que mais sofrem com a presença de bots e seguidores fantasmas. A empresa também destacou aos seus anunciantes que garantirá um ambiente menos tóxico entre os seus usuários.
Apesar das declarações, após o anúncio da aquisição, alguns usuários notaram que perfis que já foram envolvidos em casos de seguidores fakes, como os perfis do presidente e membros da família Bolsonaro, sofreram um aumento considerável no número de seguidores.
De acordo com o G1, nos últimos 30 dias, Bolsonaro ganhou 189.800 seguidores, sendo mais da metade deles (53,4%) desde terça-feira. Em nota, o Twitter descartou a possibilidade de bots na plataforma, relacionando o avanço a um crescimento orgânico motivado pelas promessas de liberdade feitas pelo novo comprador.
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