'No Ritmo do Coração': amor e música através de sinais
Vencedor da categoria de Melhor Filme do Oscar 2022 é um remake do filme francês 'A Família Bélier', de 2014
Dirigido por Sian Heder, o filme “No Ritmo do Coração” conta a história de Ruby (Emilia Jones). A adolescente faz parte de uma família de surdos, mas é a única que não tem a deficiência. Ser a intérprete em tempo integral de sua família intensifica os seus dilemas de relacionamentos e amizades. E o mais grave: essa condição tira as suas esperanças de realizar o seu grande sonho de se tornar uma cantora.
“No Ritmo do Coração” teve sua estreia mundial em janeiro de 2021, no Festival Sundance, como um dos filmes de abertura. Acumulando críticas positivas, a AppleTV+ adquiriu os seus direitos e o lançou nos cinemas nos serviços de streaming, em agosto de 2021.
A produção foi na contramão da sua versão original francesa, “A Família Bélier”, de 2014, que, à época, sofreu inúmeras críticas por escalar atores sem deficiência auditiva em papéis de surdos. Sian Heder, ao adaptar, fez inúmeras mudanças na produção, criando um trabalho de inclusão mais que necessário – o que é perceptível na tela.

‘You’re All I Need To Get By’
Um dos pontos mais emocionantes do longa é a forma como a música é colocada na história. Mais que apenas um tema da protagonista, a canção “You’re All I Need To Get By” consegue atravessar a tela e nos alcançar. Mesmo quem não pode ouvi-la pode senti-la de outras formas, especialmente por meio de sua letra. É impossível terminar o filme sem querer ouvir a canção, composta por Marvin Gaye e Tammi Terrell.
Colecionador de prêmios
“No Ritmo do Coração” conseguiu seu destaque em Sundance, mas foi por meio dos circuitos de premiações que o filme se destacou. Sua trajetória começa pelas indicações no Gotham Awards, vencendo nas categorias de Melhor Ator Coadjuvante (Troy Kotsur) e Melhor Revelação (Emilia Jones).
No entanto, foi no Oscar que ele conseguiu, enfim, seu merecido espaço. Vencendo nas categorias Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Ator Coadjuvante (Troy Kotsur) e a principal categoria, que é a de Melhor Filme.
O efeito Troy Kotsur
Troy Kotsur fez história ao se tornar o primeiro ator surdo a ganhar um Oscar. Ele esteve em filmes de pouca expressão, como “O Número 23” (2007), além de acumular participações em seriados como “CSI: NY” e, mais recentemente, “O Mandaloriano” – do universo Star Wars no Disney +. Porém, em “No Ritmo do Coração”, Troy brilha como um pai surdo, pescador e que não entende o sonho de sua filha de ser cantora.
Aliás, essa relação de pai e filha é o ponto alto do filme. Assistir à cena de fechamento, em que a filha canta para o pai surdo, é de se emocionar. De fato, esta cena traduz a alma do filme, ao ensinar que a música pode nos tocar e emocionar para além do que se pode ouvir.
“No Ritmo do Coração” (no original, “CODA – Children of Deaf Adults”) nos mostra, por meio desta forte imagem musical, que a inclusão é mais que necessária. Afinal, nossas relações e demonstrações de amor só se tornam realidade por meio de gestos, expressões e atitudes.
Fica a dica!
“CODA: No Ritmo do Coração” está no catálogo do Prime Video. Confira o trailer: