'Turma da Mônica: Lições' é sobre crescer e amadurecer
Segundo filme das adaptações dos gibis de Vitor e Lu Cafaggi acerta na nostalgia e no tom emocional, além de ampliar o universo de Maurício de Sousa
Novamente na direção, Daniel Rezende (Bingo: O rei das Manhãs) traz uma nova visão sobre amizade, maturidade e aceitação. Dois anos após o primeiro filme (Turma da Mônica: Laços), Rezende aborda em “Lições” o tema amizade com mais intensidade, convidando o espectador a refletir sobre o real significado de crescer.
“A gente pode crescer, sem deixar de ser criança.”
A história começa na escola, quando Mônica, Cebolinha, Magali e Cascão se esquecem de fazer a lição de casa. Eles tentam fugir da escola, mas tudo dá errado e Mônica quebra o braço. Seus pais decidem mudá-la de escola, fazendo o grupo se separar. Cebolinha, Cascão e Magali, com a ajuda de seus novos amigos, preparam um plano infalível para trazer a sua amiga de volta.
Com um roteiro que dá um forte tom emocional à história, “Lições” se afasta de seu antecessor ao trazer diálogos e questionamentos menos infantis e tão sensíveis que podem deixar qualquer adulto emocionado.

Uma das principais evoluções é a atuação do elenco. Não apenas dos protagonistas, mas também de todos os personagens. Kevin Vechiatto (Cebolinha) e Giulia Benite (Mônica) estão completamente soltos e dão ritmo à história. Gabriel Moreira (Cascão) se diverte e nos diverte com seus dilemas sobre a água, enquanto Laura Rauseo (Magali) tem uma interpretação tão cativante, que nos leva a entender o porquê Magali é tão comilona. Aliás, ao retirarmos as finas camadas de humor, compreendemos que os motivos são bem sérios.
Falando em personagens, toda a turma do bairro do Limoeiro está lá: Humberto, Zecão, Milena, Marina, Do Contra, Rolo, Tina e outras figuras que amamos. O entrosamento do pessoal inclusive dá margem para inúmeras possibilidades de expansão de universo e futuras adaptações. Talvez estejamos acompanhando o início de um universo compartilhado no cinema de Mauricio de Sousa, que logo pode mandar um “Alô, Marvel! Segura o seu Hulk, que a minha Mônica tá chegando!”.
Rezende dirige as crianças no tom certo. Por meio de suas expressões e diálogos, ele consegue extrair o melhor de cada um, seja na comédia ou no drama. O seu trabalho tem tanta maestria, que nos faz lembrar do diretor e produtor Cao Hamburger (Castelo Rá-Tim-Bum, O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias, entre outros) em seus trabalhos no cinema e na TV.

Mais do que uma direção leve, um design de produção apurado e uma fotografia marcante, “Laços” tem um forte poder de imersão. Envolvendo o espectador no crescimento dos personagens e dos atores, estamos diante de um bom filme, daqueles que nos faz ter orgulho do cinema nacional.
“Você faz planos infalíveis bem melhor que eu. Por isso que a gente é a Turma da Mônica.”
Crescer é mudar. E mudar é difícil – especialmente quando deixamos a infância para entrar na adolescência. Mas a essência do filme não se restringe às crianças. Afinal, todos vivenciamos este ciclo, que se completa na relação com nossas figuras paternas e o quanto elas são importantes em nosso amadurecimento – como sugere o filme.
“Lições” lembra as obras recentes da Disney/Pixar, com capacidade para divertir as crianças através do tom aventuresco e bem-humorado, além de emocionar os mais velhos (tipo eu), com os questionamentos sobre a vida. Aliás, se você foi minimamente impactado pelas histórias da Turma da Mônica em sua infância, prepare o lenço.
Eu diria para você esperar os créditos terminarem, mas o filme já saiu do cinema e está disponível apenas em streaming e mídias físicas (se é que isso ainda existe). Então, lembre-se de pegar o controle remoto e avançar até o fim, porque o filme tem cena pós-créditos!
Fica a dica
“Turma da Mônica: Lições” está no catálogo do Prime Video.
Já o seu antecessor, “Turma da Mônica: Laços” está disponível no Globoplay.