Vale a pena comprar um carro eletrificado?
Os carros eletrificados estão chegando. E não é futurismo. Em todo o mundo as fábricas estão adaptando seus processos de produção à nova realidade.
O problema são os preços. Os modelos eletrificados ainda são muito caros. Os mais baratos estão na faixa de R$ 140 mil. Os fabricantes argumentam que o preço alto é compensado pela economia, quando comparados com os modelos flex vendidos no Brasil.
Mas de quanto é essa economia? Vale a pena? Para descobrir se o eletrificado é um bom investimento, basta comparar os preços do combustível fóssil com a energia elétrica vendida no país.
Então vamos lá. No início deste mês a Shell inaugurou o seu primeiro eletroposto de carga rápida para carros elétricos. Isto lá na cidade de São Paulo. O valor de recarga é de R$ 1,90 por kWh. E demora uma média de 35 minutos para a encher a bateria por completo.
Se considerarmos R$ 1,90 por quilowatt hora, isoladamente, não quer dizer nada. Então vamos colocar um exemplo prático. Vamos utilizar como referência o Renault Kwid, que é vendido tanto na versão convencional quanto na opção eletrificada. Nem precisa dizer que a diferença de preço é enorme. O modelo flex parte de R$ 65 mil. Já a versão eletrificada custa R$ 147 mil. Para recarregar as baterias do Kwid E-Tech, que é um dos carros eletrificados mais baratos do país, e que tem uma bateria de 26,8 kWh, o custo será de R$ 50,92 (considerando R$ 1,90 kwh).
Segundo informações da Renauklt, o Kwid E-Tech pode rodar cerca de 300 quilômetros com a bateria cheia. Se você abastecesse esse mesmo carro com gasolina, considerando uma média de 15 km por litro, seriam necessários 20 litros para percorrer os mesmos 300 quilômetros. O preço médio da gasolina no país é de pouco mais de R$ 6. Mas para facilitar as contas vamos arredondar para R$ 6. Então seriam R$ 120 de combustível. Ou seja, perto de R$ 70 a mais, quando se compara com o carro eletrificado.
Dividindo a diferença de R$ 70 por 300 quilômetros rodados, a gente pode chegar a um número de economia por quilômetro. Então vamos lá: R$ 70 dividido por R$ 300, o resultado é de R$ 0,23 de economia por quilômetro rodado.
Obviamente o carro eletrificado, do ponto de vista meramente financeiro, só compensa se o cidadão rodar muito. Mas muito mesmo. Vamos considerar 20 mil quilômetros por ano, multiplicado por R$ 0,23, teremos R$ 4,6 mil de economia por ano. Em 10 anos R$ 46 mil. Não compensa.
Agora vamos imaginar uma utilização comercial. Um carro que faz entregas, por exemplo. Se ele rodar 80 mil quilômetros por ano, multiplicado por R$ 0,23, teremos uma economia anual de R$ 18,4 mil. Daí compensa.
Evidente que essas projeções partem de números atuais em relação ao preço do combustível e do Kwh. Não dá para projetar preços futuros pela instabilidade mundial. Mas é possível prever que a demanda por energia elétrica será muito maior. E nesse caso os preços serão mantidos?
Se hoje estamos nas mãos da Petrobrás, futuramente estaremos amarrados às bandeiras tarifárias da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
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